sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Lance Armstrong e a maior de todas as derrotas

Pela primeira vez desde que o escândalo sobre doping veio à tona, Lance Armstrong admitiu que, sim, de fato tomou todo tipo de substâncias proibidas para melhorar seu rendimento. Inclusive durante as sete vezes em que foi campeão da Volta da França (a maior competição de ciclismo no mundo). "Tudo o que se disse de mim no relatório apresentado pela USADA (a agência antidoping dos EUA) é correto, menos que me dopei em 2009 e 2010", declarou. 



A confissão foi dada à apresentadora Oprah Winfrey para o canal pago OWN (que pertence à própria Oprah). A entrevista inédita foi intensamente anunciada, os valores para publicidade subiram às alturas e o programa foi inclusive dividido em duas partes: uma foi ao ar ontem e a outra vai hoje à noite (18 e 19 de janeiro).

  

Entenda o caso 

Já em 2010 iniciaram-se as especulações sobre o uso das substâncias ilícitas. Tudo começou quando o ciclista Floyd Landis foi pego no teste antidoping. Na época ele revelou que Armstrong (seu ex-companheiro de equipe) também estava envolvido no esquema. Um ano depois Tyler Hamilton, outro de seus antigos colegas, também foi pego e fez a mesma acusação.


Com as crescentes suspeitas, o atleta George Hincapie (único competidor a acompanhar Armstrong nas sete Voltas da França em que foi campeão) admitiu que o havia visto se dopando durante as competições. O acusado desmentiu tudo e o caso tramitou na justiça durante mais de um ano, até que em agosto de 2012 a Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA) venceu nos tribunais e conseguiu fazê-lo devolver todos os seus prêmios monetários. Logo após, o ciclista foi banido eternamente da  União Internacional de Ciclismo (UCI). 


A tragetória de um ídolo

Lance Armstrong foi amado como poucos atletas na história e tornou-se símbolo de superação após vencer a luta contra o câncer. O diagnóstico veio em 1996, quando o americano estava chegando ao auge. Na época ele estava entre os cinco melhores do mundo e não admitia falhas. Já não sentia-se bem, mas seguiu treinando e competindo, e ignorava o inchaço que tinha nos testículos. Foi quando, fraco demais, abandonou a Volta da França no quinto dia e buscou tratamento.


Quando o câncer foi descoberto, já havia afetado os testículos, o pulmão e o cérebro. Além da quimioterapia, o ciclista passou por cirurgias de alto risco, mas começou a ver a doença como mais um de seus desafios. "É só mais uma coisa que vou ter que superar e vencer. É assim que eu gosto", disse na época. Já curado, criou a fundação Livestrong em 1997. Quem não se lembra da febre das pulseiras amarelas de borracha lançadas pela organização? Venderam como água! Nascia aí um ídolo. Mas ele queria mais. Voltou a competir no ano seguinte e, em 1999, venceu a Volta da França pela primeira vez. Sua popularidade não parou de crescer, tornando-o o maior ídolo da história do ciclismo e um dos mais adorados esportistas de todos os tempos. Como haveria de ser, seu envolvimento com doping gerou decepção nas mesmas proporções. 



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